Thursday, January 03, 2008

Resurrection

Depois de messes inativo, aliás, mais de meio ano, volto a escrever. Chega de clima fúnebre por aqui. Reencontrei com as palavras, e aliás, com o própio tempo. Não ter tempo para sequer escrever é frustante. Mas agora é tempo de "férias", e tenho tempo de sobra.

Espero poder manter esse lugar vivo, e, acima de tudo, fértil. Afinal, esse lugar pode ter voltado á vida, mas creio que não seria literatura interessante para ninquem se voltasse como um zumbi. Esses apenas animam filmes de terror. E por hora, não quero seguir carreira no gênero do horror.

Até breve, eu espero.

Wednesday, July 04, 2007

Bi-bit






-"tchau meninas, até mais!"
-"até!"
Entramos no carro, nos acomodamos. Viravamos a esquina, paramos o carro. Nem sequer pensei em olhar para ver se vinha algo, fui mesmo era olhar as meninas que viravam a esquina e lhes acenar outro "tchau". Mas vi um onibus verde, daqueles bem grandes, turisticos. Estava rapido; passaria de vez, pensei. Então eu rodei, rodei. Tudo era um parque de diversões.

Ouvi alguns gritos, me mandaram sair, saí. Frases sem sentido, ligações, avaliações. Um abraço, sangue. Sangue quente, pingante; Torneira. Vermelho, espesso, pesado, pesado. Desespero, preocupações, e mais sangue. Sangue que não era meu, mas era tambem vivo, pertencente ao meu. Outra deitada ao chão. Soccorros, carros, amigos, parentes, servidores.


Socorro, burocracia, atendimento. Lavei minhas mãos emersas em sangue. Calmaria, calmaria após a tempestade. Tudo isso agora até parece meio engraçado. mas na hora chocou, chocou. e eu pensava na minha aula de literatura que haveria de perder, e como a lua conseguia estar tão branca, pura, minquante, em meio á tanto sangue. sangue em minhas mãos.


calmaria...

Friday, May 18, 2007

Frech X British




Fiquei inspirado pelo tema dos sapatos. me lembrei agora do famoso dilema entre os sapatos ingleses e os franceses. os sapatos franceses seriam de estilo fabuloso, adequando-se formidavelmente ao seu pé. mas exatamente por essa adequação, pecam no forro. já os sapatos inglesses, seriam confortabilissimos! uma delicia de se usar... mas um trambolho pouco estiloso para usos não formais.

que duvida! qual usar? estilo x conforto... alguns paises menos ortodoxos utilizavam até mesmo o hábito de calçar um tamanho, de um sapato qualquer, menor que seu pé. apenas pelo prazer de tirar o sapato apertado no fim do dia. estranho, um pouco.

eu, particularmente, se pudesse escolher, prefiriria a sapatilha.

caminhada


Caminhar sempre parece tão dificil... vejo crianças obessas pela prequiça, velhos com medo do proximo passo, jovens que andam em esteiras e não saem do canto. caminhar, de fato, é muito dificil. alem de assustador, claro. sempre se pode cair.

mas como uma vez foi dito num tema de vestibular, "tropeçar ajuda a caminhar"; a maior prova disso seria a humanidade, claro. nosssa descencia genética é puramente dos que mais sofreram nos primordios. os que tiveram uma vida facil, naturalmente se estagnaram e morreram, quando o mundo pré-histórico mudou ao seu redor.

estamos tão estagnados atualmente. as taxas de glicose estão sempre tão altas. e o mundo está mundando tão depressa; as taxas de temperaturas crescendo em progressões sem calculo. será que estamos fadados ao repouso?

go tho hell




Virgílio já levou o homem ao inferno duas vezes. Uma foi em seu proprio livro, outra no do seu sucessor, Dante. O homem barroco tinha mania de querer levar os outros ao inferno. tudo quanto era gente tinha que ir. o interessante, é que nem mesmo os mais ilustres personagens da historia estariam á salvo. Veja, por exemplo, alquem como Aristoteles, grande sabio da filosofia, iluminina a humanindade até hoje. mas não foi batizado, o coidado, teve que ir para o inferno.

claro, a religião sempre foi justa. Em Dante o portal do inferno seria a personificação da propria justiça.

... eu adoro a escritica comica dos religiosos! eles nunca perdem suas antigas piadas! e continuam engraçadas até hoje, que prodígios!

Wednesday, May 02, 2007

Jesus Tongue


estava passando pela rua certo dia. uma garotinha perto de mim havia dito uma "palavra feia". A mãe interveio e disse:
-"se voce falar isso de novo Jesus corta a sua língua!

fiquei realmente fascinado com a citação medieval. desconhecia que tal cultura fosse tão popular hoje em dia. na verdade o é. cada religião tem mania de ensinar cultura medieval aos seus pupilos.

se voce for Católico, vai para inferno por descrer em Alá (leia-se deus em mulçumano). se crer em alá, vai para o inferno por não acreditar em jesus, mas se acreditar em jesus, tambem irá para o inferno pois de acordo com os judeos, ele nunca poderá ser chamado de messias.
resumo geral: voce vai para o inferno de qualquer forma.

creio que as reliões precisam de menos cultura, talvez. mais religião apenas, talvez.

Thursday, March 22, 2007

conexão





eu estava pensando sobre o que escrever. muitos pensamentos surgiram. naturalmente, muitos inutes. por fim decidi acatar uma tematica pseudo-moderna: conectividade

sabe aquele esforço que temos para conectar? aquelas tentativas sucessivas, e muitas vezes frustradas? ... é sobre isso exatamente que eu falo... as vezes queremos muito alcançar uma conexão, tentamos muito, exaustivamente, mas não consequimos. incopatibilidade... talvez.

derrepente tentamos outra rede. só para testar mesmo. e derrepente nos vêmos conectados de forma surpreendente fluida! como seria possivel? não é modernidade que tem seus segredos, mas sim as conexões. presentes em cada sinapse, cada bainha ... só esperando para encontrar um bom suporte.

creio que isso deve ser a mesma coisa da velha historia das crianças brincando de quebra-cabeça. as vezes elas querem que duas peças se encaixem. mas aquelas peças não tem como se encaixar! mas crianças são teimosas... elas tentam, tentam e tentam... as vezes elas acabam rasgando algumas peças, e inevitavelmente vem a tristeza.

claro que mais tarde essas crianças podem evoluir e brincar de lego, de certa forma que TUDO, de uma foma ou de outra, se encaixa (mas essa é um grande passo na evolução infantil, e toma tempo)

... por enquanto, tentemos conectar. falharemos muitas horas, mas um dia algum servidor irá servir... e rezemos para que não fique fora do ar...

?

"Continuaremos nos comunicamos por chicletes, o orkut é lenda hoje em dia"


não sei honestamente o que isso quer dizer. sonhei com essa frase e decidi posta-la, apenas.

(ponto)

Thursday, March 08, 2007

ponto


um ponto uma vez me perguntou se ele era um ponto final. eu respondi que nao sabia, que estava cansado de escrever.

... mas que talvez, se alquem quisesse continuar dali, ele não marcaria o fim. apenas apontaria para o começo de novas palavras. ligando minhas palavras com as de outra pessoa.

e ele ficou feliz. e agora pôde dormir, pois iria sonhar com essa possibilidade...

Monday, March 05, 2007

Regina Spektor -On The Radio




This is how it works
It feels a little worse
Than when we drove our hearse
Right through that screaming crowd
While laughing up a storm
Until we were just bone
Until it got so warm
That none of us could sleep
And all the styrofoam
Began to melt away
We tried to find some words
To aid in the decay
But none of them were home
Inside their catacomb
A million ancient bees
Began to sting our knees
While we were on our knees
Praying that disease
Would leave the ones we love
And never come again


On the radio
We heard November Rain
That solo's really long
But it's a pretty song
We listened to it twice
'Cause the DJ was asleep


This is how it works
You're young until you're not
You love until you don't
You try until you can't
You laugh until you cry
You cry until you laugh
And everyone must breathe
Until their dying breath


No, this is how it works
You peer inside yourself
You take the things you like
And try to love the things you took
And then you take that love you made
And stick it into some
Someone else's heart
Pumping someone else's blood
And walking arm in arm
You hope it don't get harmed
But even if it does
You'll just do it all again


And on the radio
You hear November Rain
That solo's awful long
But it's a good refrain
You listen to it twice
'Cause the DJ is asleep
On the radio (oh oh oh)
On the radio
On the radio - uh oh
On the radio - uh oh
On the radio - uh oh
On the radio

...

ousadia




sempre tive vontade de publicar isso
... sei que é grande e que ninquem vai ler
mas pouco importa, quis e fiz.

as vezes voce tem que fazer certas coisas
mesmo que pros outros nao importem
pra voce importa sim, se nao entenderem, problema, mas nao seu

... muito embora seja assim que funciona
voce faz algo mais do que por si proprio
faz por alquem
mesmo que para ela nao se importe...
ou que voce importe

aquela velha historia da ignorancia humana. quando alquem diz que faz tudo por voce é porque de fato quer fazer. quer mostrar algo.

mas enfim, voce faz.

ponto.

O outono primaveril






Uma voz dentro de si gritava, dizia algo incoerente, porem algo importante, vital, mas sua mente não conseguia escutar o que aquela consciência estranha lhe dizia. Então, em meio às vozes inexistentes, incessantes, caiu uma escuridão, um período de loucura, como uma sequeira por excesso de luz. Apenas seus nervos sabiam de algo, mas não queria avisar o cérebro agora, com medo da irracionalidade desenfreada de um centro racional.

Houve um tempo, que pareceu longo, de devaneio. Não havia tempo nem espaço; o agora era apenas um borrão. Sua mente vagueava, pois ainda estava chocada demais para voltar à realidade; mas, com o passar do tempo, o corpo foi obrigado a chamá-la de volta, para tomar conta da casa que agora ruía.

A consciência voltava devagar, ainda dopada pela quantidade de informações que não conseguia absolver, e também pelas que não queria, inconscientemente, conhecer. O Ser Consciente, porem, passava, lentamente, a prevalecer naquela que devia ser sua morada, acordando de um sono sem descanso.

Logo, o que chama-se de consciência concretizou-se, e um homem viu-se ao chão. Seu nome era Gabriel, e essa foi a primeira coisa que lembrou. A seguir olhou à sua volta. Estava escuro, pois era noite, e ele percebeu que estava ao chão, encostado a uma arvore antiga, com uma massa estranha à sua frente, disforme e volumosa.

Gabriel rapidamente tomou consciência de que esteve inconsciente, e tentava juntar as peças do que havia, e o que estava ocorrendo. Pensou em se levantar, mas se encontrava muito cansado ainda, respirando devagar, dificilmente, e parecia que aquela massa a sua frente, com uma parte caída pesadamente sobre o seu colo, não deixaria-o levantar-se, assim, continuou onde estava.

Ao forçar, inconscientemente, seu cérebro a trabalhar mais, devido à curiosidade que demonstrava pelo que poderia estar acontecendo, sua consciência foi forçada, mesmo relutantemente, a liberar uma informação perigosa: a memória.

Gabriel se lembrou quase que instantaneamente. Era natal, natal alegre, numa cidade litorânea comum, apenas uma cidade comum, comum, e numa noite de natal. Ele havia saído em plena noite, pois não era tão noite assim, e precisava urgentemente ir dar um “feliz natal” à uma querida amiga, que passaria a noite sozinha, pois os pais estavam já falecidos e o resto da familia longe.

No meio do caminho para a casa dela, que na verdade era bastante perto, passou por um parquezinho, bem pequeno, com apenas alguns bancos e arvores, com a grama um pouco descuidada, mas ainda verde. Estava um pouco escuro, mas sabia que era um local calmo e não era perigoso, por isso entrou no parque para colher algumas flores silvestres como um pequeno presente de natal. Não era um presente, pois não estava embalado e não havia sido comprado, mas era uma lembrança, e por isso valia mais, já que lembrava um sentimento.

Ao sair do parque com suas flores, uma nevoa quase instantaneamente caio. Era a memória falhando. Só lembrava de um facho de luz as suas costas, e ao se virar sentir um impacto, um forte impacto, mas sem dor, como uma sutil bofetada.

Voltou ao presente. Demorou-se pouco analisando a situação. Era obvio que havia sido atropelado, e o que havia a sua frente seria o automóvel precursor. O carro não estava sobre ele, mais sim batido contra a arvore ao seu lado. Pensou que provavelmente o motorista, ao perceber que havia batido em alguém, desviou rapidamente para o lado, e encontrou a arvore, quem sabe uma irmã daquela na qual ele se apoiava?

Procurou o motorista, e mesmo com a escuridão, constatou que ainda estava dentro do carro, imóvel, talvez morto. A batida havia sido grave, o carro amassou-se completamente, a arvore entrou até o meio do carro, por sorte pelo lado do passageiro, que não devia existir. Era comum jovens superficiais passarem toda a noite do natal bebendo, em homenagem, talvez, à um trauma incompreensível e invisível. Possivelmente um destes resolveu dirigir em alta velocidade, pelo visto altíssima, e com caro esporte típico da juventude burguesa.

Vendo o estrago do carro na arvore, compreendia-se rapidamente porque ele havia desmaiado, e que, provavelmente, o motorista irresponsável deveria estar morto, pois um pescoço raramente agüenta tamanho choque. Gabriel tinha perfeita consciência do que estava acontecendo, e aos poucos passava a sentir dores insistentes, por todo o corpo, que misteriosamente não pereceu sob tamanho impacto.

Resolveu analisar melhor a si mesmo, e percebeu que estava muito ferido, com sangue escorrendo por toda parte, provavelmente com pernas e costelas quebradas. O impacto foi muito forte, e seu corpo não resistiu. Olhou para si e percebeu: seu peito direito foi varado, sangue escorria, e o objeto continuava ali, inerte, preso em seu corpo estendido no chão.

Ele via um cilindro grosso e brilhante enterrado em seu peito, embebendo-se em sangue vermelho. Não sabia que parte de um automóvel era aquilo, mas percebeu que era grave, e não se moveu. Não sabia como havia deixado de perceber aquela coisa antes, seu corpo obviamente esqueceu de senti-la, embora, pensando melhor, talvez fosse realmente adequando, dada a situação.
Gabriel não ficou, porem, abalado. Ele era um racionalista, por isso não teve medo, abandou logo o temor e nervosismo, pois tinha plena consciência que isso não adiantaria de nada. O medo é apenas um mecanismo de auto-defesa, capaz, se corretamente utilizado, gerar impulso para as pessoas fazerem coisas de que duvidariam serem capazes, como nocautear um assaltante armado.

Ele não precisava de medo, não precisava se proteger, essa hora tinha passado, e ele agora já havia sido derrotado. Ele sabia que precisava se controlar e manter a tranqüilidade, pois só isso prolongaria seu tênue fio de vida. Assim, buscava imagens tranqüilas, para acalmar seu pulso, diminuir a quantidade de sangue correndo, diminuir a velocidade, para evitar uma rápida perda de sangue, apenas por um nervosismo tolo.

Respirou fundo para tentar relaxar. Logo interrompeu o ato; senti dor, uma dor aguda e negra, mas não completa, como a sensação da tensão de uma corda esticada, ameaçando romper-se. Sentiu também sangue vindo-lhe a boca, escorrendo fluentemente, como um rio caudaloso e infreável. Não conseguia controlar aquilo, cada vez mais sangue saia, e ao tentar parar aquilo, soluçava debilmente. Ao sentir tanto sangue vindo à boca, e a sensação de sufocamento, sabia que o pulmão havia sido perfurado. Não duraria muito tempo naquela situação.

A morte mostrava-se por inteira, como a menininha brincando de esconde-esconde que finalmente se revela, para correr e ganhar a partida. Gabriel não tinha ilusões sobre seu destino, havia estudado um pouco de medicina no colegial e sabia que seu caso era fatal.

Estava triste por morrer tão cedo, não sabia mais o quê pensar, nem como pensar; a lógica havia falecido primeira. Bem que imaginava uma vida mais feliz, um final mais feliz, com uma familia, amigos queridos, lembranças preciosas. Pensava que poderia advertir seu filho em como tomar cuidado com os carros na rua, e nunca ficar a beira da estrada; seria muito prazeroso ensinar, depois de sobreviver a uma experiência assim, como agir a seu filho, seu doce filho inexistente e impossível.

Tentava se consolar, não ter medo, mas era muito difícil. Pensou, então em Epicuro, filosofo grego, e repetiu-lhe fervorosamente as palavras : “vivos não devemos temer a morte, pois ela em nós não estará, e temer-lhe seria um desperdício de vida, como morrer aos poucos. E quando mortos, não temeremos também a morte, pois por nós ela já haverá passado.” Repetiu-lhe as palavras até o fôlego finalmente, naturalmente, acabar fatalmente.

Dois dias depois, uma matéria foi à televisão sobre um trágico acidente numa noite de natal, onde o motorista e pedestre morreram tragicamente: o motorista com o pescoço quebrado, e o pedestre foi perfurado por uma haste de metal que se desprendeu do carro na colisão com uma arvore, mas seu motivo real de morte foi uma afogamento, provocado pela entrada do próprio sangue dentro dos pulmões.
O público reagiu com indiferença, acostumados com a banalização da violência. Ficaram, porem, felizes em saber que em sua cidade, na noite de natal, apenas duas mortes foram contabilizadas, e num acidente infeliz, em vez de fruto de um crime cruel. Não perceberam, porem, que comemoraram um “copo meio cheio”, sem pensar que talvez ele estivesse “meio vazio”.

Como presente por se interessar tanto por uma vida humana, a ponto de chegar até o final de uma leitura humanista, lhe presentearei com o derradeiro final dessa historia, que na verdade se dá no momento em que o fôlego se acaba:

Era a hora, e ele percebeu isso, mas estava calmo, pois pensava num pensamento simples, quase infantil, numa memória de infância, de um personagem querido, chamado Peter Pan, que no momento de morte falou as celebres palavras: “morrer será minha ultima grande aventura.”

“É verdade,” concordou Gabriel, “eis minha ultima aventura.” No momento de que seus olhos escureciam, como se adormecessem, pensou ver muitas folhas velhas e amarelas caírem das arvores...


“Mas é outono? O outono está tão longe... estamos quase tão próximos da primavera...”




“Ah. Entendi, eu sou uma dessas folhas...”